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2015
Resenha: O Véu Pintado - William Somerset Maugham
Autor: William Somerset Maugham
Editora: Record
Ano da edição: 2005
Páginas: 268
ISBN: 85-01-01725-6
Tipo: literatura inglesa, romance, século XX.
Sinopse: Kitty é a deslumbrante mas superficial esposa do Bacteriologista Walter Fane, alocado no protetorado britânico de Hong Kong. Insatisfeita com a vida conjugal, a jovem se apaixona por um diplomata inglês. O caso é descoberto pelo marido, que inicia uma terrível vingança: ele pede transferência para uma região remota da China, onde ocorre um surto de cólera. Uma verdadeira obra-prima, de autoria de um dos maiores nomes da literatura inglesa do século XX.
“Ela soltou um grito assustado.
– O que foi? – perguntou ele.
Apesar da penumbra em que as persianas corridas mergulhavam o quarto, ele viu o rosto dela subitamente desfigurado pelo terror.
– Alguém tentou abrir a porta.
– Bem, talvez fosse a amah, ou algum dos criados.
– Nunca aparecem aqui a esta hora. Sabem que faço sempre a sesta depois do almoço.
– Quem mais poderia ser?
– O Walter – sussurrou ela com lábios trémulos.
Apontou para os sapatos dele. Ele tentou calçá-los, mas o nervosismo dela roubava-lhe a destreza, pois tanta ansiedade estava a afetá-lo e, além disso, os sapatos estavam do lado mais apertado da cama. Com um breve suspiro de impaciência ela deu-lhe a calçadeira. Em seguida ela própria vestiu um quimono e dirigiu-se descalça para o toucador. Usava o cabelo muito curto e, com um pente, tinha conseguido retocar-lhe a desordem antes de ele acabar de apertar o segundo sapato. Estendeu-lhe o casaco.
– Como é que eu saio?
– É melhor esperar um bocadinho. Vou espreitar para ver se está tudo bem.
– Não pode ser o Walter. Ele só sai do laboratório às cinco.
– Então quem será?” (página 11 - a primeira do romance)
Em meados de 2009, assisti a um filme chamado "O Despertar de Uma Paixão". Achei bastante denso (apesar de clichê) e decidi procurar mais sobre ele. Descobri que era baseado em um livro - O Véu Pintado. Como os livros geralmente são mais abrangentes que os filmes, comprei... E só tive a oportunidade de finalizar agora.
Antes de falar sobre a história propriamente dita, gostaria de comentar o prefácio do autor, onde ele explica como começou esta história:
Como já tinha lido o Inferno (com a ajuda de uma tradução, mas procurando conscienciosamente no dicionário as palavras que não sabia), comecei o Purgatório com a Ersilia. Quando chegamos à passagem que atrás transcrevi, ela disse-me que Pia era uma fidalga de Siena cujo marido, suspeitando que ela cometia adultério, mas receando mandá-la matar por causa da família dela, a levou para o seu castelo de Maremma onde acreditava que os vapores venenosos fariam o trabalho; ela, porém, demorava tanto a morrer que ele, impaciente, ordenou que a atirassem da janela. (página 09)
Nesta altura de sua vida, o autor viajava pela Europa para completar seus estudos em medicina. Quando chegou à Itália, conheceu esta moça, Ersília, que o ensinava o idioma. Leram várias obras; dentre elas, Purgatório, de Dante.
Deb, quando tu sarai tornato al mondo,E riposato della lunga via,Seguito il terzo spirito al secondo,Ricorditi di me, che son la Pia:Siena mi fè; disfecemi Maremma:Salsi colui, che, innanellata priaDisposando m’avea con la sua gemma.
("Peço-te que, quando ao mundo tornares, e da longa jornada repousares, seguido que for o terceiro espírito ao segundo, te recordes de mim, que sou a Pia. Siena me fez, Maremma me desfez: sabe-o aquele que após noivar me desposou com o seu anel.") (Página 7)
A passagem acima estimula Ersília a contar a história da fidalga Pia (como o próprio autor explica). Isto o inspira a criar Kitty, uma fidalga não tão ilustre quanto a outra, mas também adúltera. Ela se casa com Walter, um bacteriologista inglês que residia em Hong Kong, por falta de opção (estava ficando "velha" e sua irmã, que era feia, estava para se casar com um barão). O esposo era mais do que apaixonado por ela e fazia todas as suas vontades, mas Kitty não se sentia verdadeiramente tocada por ele. Às vezes, ele a causava até repulsa. É neste momento que ela conhece Charlie, um embaixador. Os dois têm um caso intenso, mas Walter descobre a traição e, como vingança, decide aceitar o trabalho de médico no interior da China, onde uma grande epidemia de cólera acontecia.
Ameaçada com o divórcio caso não aceitasse ir com ele (devemos nos lembrar que nessa época uma mulher "desquitada" era uma grande vergonha para si e para a família), Kitty tenta recorrer a Charlie para que se separe de Dorothy, sua esposa; ele, porém, recusa. Sem escolhas e dentro de um casamento infeliz, conhecendo um Walter que não a ama mais, que a repudia e que se enoja de si mesmo por ter confiado nela, Kitty o acompanha em uma missão que mais parece uma roleta russa para ambos.
Confesso que esperava algo romântico e clichê como no filme, mas um pouco mais maduro. Fui, todavia, completamente surpreendida. O Véu Pintado não se trata de uma história de redenção ou de um amor romântico puro. Ao contrário: conta a história de Kitty, uma mulher fútil, quase infantil, que cresce e amadurece frente a provações que a vida lhe impõe e que tem a oportunidade de valorizar mais sua própria existência quando se encontra em um ambiente tão desolado, mas que também volta a cometer erros, que trai seus próprios sentimentos, que dá a volta por cima... Resumindo, uma humana com suas falhas, qualidades e complexidade. Sua história com Walter é apenas um pretexto. Apesar disso, tenho de admitir que Kitty me pareceu muito estúpida, mesmo depois de tudo pelo que passou. Há também algumas personagens mortas, de passagem, que poderiam ter sido melhor exploradas em sua relação com a protagonista.
Também é perceptível o conhecimento cultural do autor. Além do que já foi exposto, o livro possui vários pontos de intertextualidade, mesmo em situações bastante dramáticas e tensas (como durante a morte de alguma personagem), mas sem a presença de digressões, o que o torna bastante diferente de livros como Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Viagens na Minha Terra (além de a narração se dar na terceira pessoa do singular, configurando um narrador onisciente).
A capa faz jus ao tema principal da história: Kitty, e tão somente Kitty. Em se tratando de psicologia das cores, o roxo:
É a cor da prudência, remete a sabedoria, filosofia, sofisticação e contemplação. Tem a ver com o emocional, o espiritual e transmite profundidade e experiência. É utilizado para comunicar melancolia, realeza, dor, sentimentos intensos, religiosidade, magia, sofisticação e suntuosidade. (Fonte)
O que se encaixa perfeitamente com o intuito do livro. A diagramação foi muito bem feitas; as páginas são amareladas e de boa textura, o que não cansa o leitor e evita que o livro seja danificado facilmente.
Nota
Enredo: 4,5/5Edição: 5
O Autor
William Somerset Maugham nasceu em 25 de janeiro de 1874, em Paris (França). Sua infância foi difícil: gago, ficou órfão aos 10 anos, sendo criado por um tio em Canterbury (Inglaterra).
Maugham cursou a faculdade de medicina em Londres. Sua experiência como médico foi transposta para o primeiro romance, Liza, A Pecadora (1897). Embora tenha tido pouco sucesso, Maugham abandona a medicina para dedicar-se à literatura.
Somerset Maugham é o autor de Histórias dos Mares do Sul (1921), Antes do Amanhecer (1942) e O Fio da Navalha (1944), entre muitos outros livros.
Esta resenha faz parte do Desafio Literário do grupo Devoradores de Livros.
Review - Kokou no Hito
Título: Kokou no Hito (algo como "pessoa distante")/O Montanhista;
Autores: NABEDA Yoshiro, NITTA Jirou, SAKAMOTO Shinichi
Demografia: Seinen
Outras informações: Adulto, aventura, psicológico, esporte;
Sinopse: No seu primeiro dia em uma nova escola, um solitário chamado Mori Buntarou é desafiado por seu colega de turma a escalar o prédio da escola. Apesar de saber que um passo em falso poderia levá-lo para a morte certa, ele continua e finalmente chega ao topo. Mori experimenta uma sensação de completude. Esse sentimento, que parece dizer "você está vivo!", dá origem a uma paixão por escaladas.
Kokou no Hito é um mangá muito especial para mim. Sou tradutora em uma scan (visitem o site deles aqui: O Nekomata) e fiz vários projetos por lá, mas este me deixou uma sensação especial desde o princípio. Como vocês já devem ter reparado, crescimento e densidade psicológica de personagens são meus aspectos favoritos em qualquer produção artística, o que não deixa de fora os mangás.
Mori começa como um garoto solitário qualquer: não sabemos muito de sua origem ou o porquê de ser assim, apenas sabemos que ele é... estranho. Quando um colega de sala o desafia para escalar o prédio da escola, tudo parece mudar: Mori se sente vivo, com objetivos, com uma ambição que parece estranha para todos os outros. Em sua jornada, ocorrem encontros, desencontros, mortes inesperadas, mortes dolorosas, enganação e até mesmo redenção. Isto, na vida de Mori, tem o mesmo peso. Desde que ele alcance o topo das montanhas, nada mais importa...
Vemos o crescimento psicológico de Mori a cada capítulo. O mangá possui poucos diálogos e poucas páginas por volume, mas isto parece combinar com a personalidade dele. É como se o mangá fosse uma extensão do Mori, de certa forma. Até a arte é condizente: seca, mas original e nem um pouco grosseira. Contribui (e muito!) para acentuar a diferença entre Mori e os outros humanos ao seu redor.
Se você não leu, acredite: esta é uma excelente oportunidade para começar. Se já leu, conte-me sua experiência! Vou adorar conhecê-la! ;)
Muito obrigada e até a próxima!
Autores: NABEDA Yoshiro, NITTA Jirou, SAKAMOTO Shinichi
Demografia: Seinen
Outras informações: Adulto, aventura, psicológico, esporte;
Sinopse: No seu primeiro dia em uma nova escola, um solitário chamado Mori Buntarou é desafiado por seu colega de turma a escalar o prédio da escola. Apesar de saber que um passo em falso poderia levá-lo para a morte certa, ele continua e finalmente chega ao topo. Mori experimenta uma sensação de completude. Esse sentimento, que parece dizer "você está vivo!", dá origem a uma paixão por escaladas.
Kokou no Hito é um mangá muito especial para mim. Sou tradutora em uma scan (visitem o site deles aqui: O Nekomata) e fiz vários projetos por lá, mas este me deixou uma sensação especial desde o princípio. Como vocês já devem ter reparado, crescimento e densidade psicológica de personagens são meus aspectos favoritos em qualquer produção artística, o que não deixa de fora os mangás.
Mori começa como um garoto solitário qualquer: não sabemos muito de sua origem ou o porquê de ser assim, apenas sabemos que ele é... estranho. Quando um colega de sala o desafia para escalar o prédio da escola, tudo parece mudar: Mori se sente vivo, com objetivos, com uma ambição que parece estranha para todos os outros. Em sua jornada, ocorrem encontros, desencontros, mortes inesperadas, mortes dolorosas, enganação e até mesmo redenção. Isto, na vida de Mori, tem o mesmo peso. Desde que ele alcance o topo das montanhas, nada mais importa...
Vemos o crescimento psicológico de Mori a cada capítulo. O mangá possui poucos diálogos e poucas páginas por volume, mas isto parece combinar com a personalidade dele. É como se o mangá fosse uma extensão do Mori, de certa forma. Até a arte é condizente: seca, mas original e nem um pouco grosseira. Contribui (e muito!) para acentuar a diferença entre Mori e os outros humanos ao seu redor.
Se você não leu, acredite: esta é uma excelente oportunidade para começar. Se já leu, conte-me sua experiência! Vou adorar conhecê-la! ;)
Muito obrigada e até a próxima!
Apostas da temporada: animes
Usagi-san é um famoso escritor e ex-colega de turma do irmão de Misaki. Quando suas notas estão baixas, ele se oferece para ajudar o garoto, que se sente ameaçado a princípio (Usagi-san tem uma clara paixão por seu irmão), mas logo seus corações se abrem e os dois começam um relacionamento. Depois de quatro anos de faculdade, a formatura de Misaki está chegando... E isto os deixa inseguros quanto ao futuro.
É, de longe, a minha maior aposta na temporada. Não pela qualidade - que está dez mil vezes melhor que as anteriores, devo dizer - mas por tamanha vontade que tenho de continuar esta história. A primeira temporada foi ao ar em 2008! Dá para acreditar?
Até o momento, vi os dois primeiros episódios. A arte está maravilhosa. A história continua a ser fofa, o Misaki é um cabeção e o Usagi é muito possessivo; porém, os dois parecem enfrentar dramas um pouco mais... adultos. Principalmente em relação à aceitação de seu namoro (vale lembrar que este anime é yaoi). Go, boys!
E, POR FAVOR, FAÇAM A TERCEIRA TEMPORADA DE SEKAIICHI! NÃO POSSO CONTINUAR NESTE SUSPENSE!
Este anime se passa depois da dura batalha de Goku com Majin Buu, onde ele tenta manter a paz na Terra frente a ameaças inimagináveis...
Okay, eu sei que DB nunca foi meu forte (só estou vendo a série original agora, tenho breves lembranças do Z e meu favorito é o GT, que todo mundo odeia), mas decidi dar uma chance. Pois bem, não me arrependi até o momento. Há algumas lutas e muitas partes engraçadas (xD - parece 'recuperar' o humor da original), bem diferente do que com o que estou acostumada! Sem contar que o Gohan está GATÍSSIMO... E o Vegeta continua um bobão, rs.
Na cidade de Ergastulum, uma pequena vila cheia de mercenários, ladrões, prostitutas e policiais comprados, há alguns assuntos muito "sujos" até mesmo para seus cidadãos. Entram os "Handymen", Nic e Worick, que cuidam de problemas dos quais os outros não querem saber. Um dia, um dos policiais que eles conhecem pede ajuda para derrubar uma nova gangue que está naquele território. Parece um bom negócio, como sempre, mas os Handymen vão perceber que este trabalho é bem mais do que eles esperam.
Este é minha segunda maior aposta, mas só perde porque Junjou tem um lugarzinho especial no meu coração. "Gangsta." é um anime denso, com um humor cru e rude, mas que ainda tem densidade psicológica suficiente das personagens (o que deixa o espectador bastante vidrado, se me permite dizer). A arte é de excelentíssima qualidade. Os três primeiros episódios não deixaram a desejar!
Quando Hotaru se muda sozinha para um novo apartamento, há um homem misterioso parado por perto. Hotaru decide confrontá-lo e descobre que ele mora no apartamento vizinho. No dia seguinte, na escola, a melhor amiga de Hotaru, Kanae, conta que um acompanhante a enganou e roubou seu dinheiro. Quando Hotaru vai confrontá-lo, descobre que é nada mais, nada menos, que seu vizinho, Masamune?
Podem me dizer o que for, mas este aqui é yaoi disfarçado. O Tachibana se veste como garoto, fala como garoto, praticamente se vê como um garoto, mas fala que é menina e a classificação do anime muda, rs. Além disso, o outro membro do time parece ter sentimentos pelo Masamune, só não é explícito (bom, se bem que deixar um novato no meio de um campo de paintball só porque ele roubou seu amigo é, digamos, meio doente)! De resto, estou gostando muito! É leve, divertido e intrigante.
E vocês? Quais são suas escolhas? ;)
Cartas do Passado (Orgulho & Preconceito) - Capítulo 6
Classificação: Livre;
Fandom: Orgulho e Preconceito - Jane Austen;
Par: Elizabeth Bennet/Fitzwilliam Darcy;
Gênero: Universo Alternativo;
Avisos: Não;
Sinopse: Darcy não salvou o dia. As consequências mudam de forma quase irreversível o curso desta história.
Eis que, 10 anos depois, o destino clama por uma última revisão das escolhas de cada um antes que o capítulo final seja escrito definitivamente.
Ainda há esperança.
Capítulo 6 - Mamãe Bennet, a casamenteiraPassado o torpor, Elizabeth decidiu comer algo e encerrar aquele dia.Quantas coisas poderiam acontecer em 24 horas!Não conseguiu mais cruzar com Darcy naquela noite, certamente ele a estava evitando. Preferiu que assim fosse, porém: aqueles dias seriam muito desgastantes.Até tentou engolir a comida, mas nada descia por sua garganta ressecada. Dormiu logo que encostou a cabeça no travesseiro.___________________________________________Darcy ficou com os olhos fixos no teto boa parte da noite. Simplesmente não conseguia acreditar que o passado fosse pior que a Caixa de Pandora imaginada por ele.Tinha medo do que estaria por vir. Mas teria de enfrentar os fantasmas.Adormeceu ao raiar do dia, completamente esgotado.___________________________________________No dia seguinte, os dois se encontraram na sala de vídeos para abrir o envelope número 3.– Preparada?– Isto tem de terminar algum dia, não é? Que seja agora."Dia 18 de Setembro de 2002, Central Park."Somente este bilhete dentro do envelope.– Elizabeth, este dia significa alguma coisa para você? Não consigo relacioná-lo a nenhum acontecimento.Lizzie o olhou com um profundo pesar.– Ah, Darcy, com certeza eu me lembro deste dia e somente o lamento. Deixe-me contar uma longa história...___________________________________________"16 de Setembro de 2002, Central Park, Nova York.As cinco moças Bennet e seus pais decidiram relaxar da selva de pedra naquele dia.Era uma família estranha: o pai era um compenetrado homem de negócios; sua mãe via a tolice de algumas das filhas e as incentivava ao casamento vantajoso: em um mundo tão competitivo, estariam bem melhor se um homem pudesse assegurá-las. Sim, comportamento machista, mas não incomum! O fato de o marido deixar seu patrimônio a um primo, visto que suas filhas não se interessavam pelo ramo de negócios em que atuava, a deixava ainda mais insistente naquele assunto.Viver em cidade tão grande não era nada fácil. Ir ao parque lhes era rotineiro, uma forma de aliviar a tensão da correria do dia-a-dia.Lydia e Kitty frequentavam o local diariamente e logo souberam de um grupo de universitários que viria treinar para a próxima maratona da cidade. Ficaram em polvorosa!Em pouco tempo, os moços chegaram. Muitos eram respeitosos e bastante profissionais, mas alguns... Estes se aproveitavam - mesmo - de sua posição em troca de affairs.Na casa dos Bennet não havia outro assunto. Lydia e Kitty, inclusive, já conheciam pessoalmente boa parte do grupo e viviam a fuxicar pelos cantos.– Santo Deus! - bradava o pai Bennet, cansado de tamanha histeria. - Será que não podem ser um pouco menos fúteis?– Ora, meu caro! Pare de criticar as meninas. Eu mesma, na idade delas, adorava um universitário. E, além disso, são suas filhas, pelo amor de Deus! Pais não devem criticar seus filhos desta maneira.– Sim, querida, você foi a mais sábia das garotas. - e revirou os olhos ao beijar-lhe a cabeça. - Mas não pode evitar que eu dê atenção à tolice de ambas.Naquele momento, um bilhete e um ramalhete de rosas foram entregues.– Jane, querida! - A mãe Bennet saiu gritando pela casa toda. A carta era dos Bingley!
'Querida Jane,Venha jantar conosco esta noite. Eu me sentiria muito feliz por isto, já que me é tão querida.O ramalhete de Bingley é um pedido de desculpas por não poder se juntar a nós neste momento.Com muito carinho,Caroline.'
– Posso tomar o carro emprestado?– De jeito nenhum! É noite e a cidade está movimentada; vá de metrô, minha querida.Todos olharam espantados para a senhora Bennet.– Mãe - Elizabeth tentou argumentar. -, é tarde, pode acontecer-lhe algo.– Imagine! Conhecem esta cidade como a palma da mão. Além disso, seu pai precisa do carro para um jantar da alta sociedade.Assim que Jane saiu, uma forte chuva caiu sobre a cidade.No dia seguinte, Jane ligou para Elizabeth. Sentia-se mal, todo seu corpo doía devido ao resfriado e a família Bingley não a deixaria retornar até que tivesse se recuperado.– Se Jane tivesse morrido, tudo valeria a pena. Pelo amor de Deus, pequena, tudo por causa de um casamento?– Ninguém morre de resfriado, querido.– Irei a pé até lá - desafiou Elizabeth.– Vai chegar toda desgrenhada, passar uma má impressão e ainda quebrar a privacidade de sua irmã! Eu lhe proíbo!Lizzie deu pouca importância. Juntou-se a Kitty e Lydia e as três saíram.As duas mais novas correram ao Central Park. Elizabeth continuou seu caminho até a casa de Isadora.Chegou perto do almoço e causou alvoroço. Todos comiam, à exceção de Jane, e pararam exclusivamente por ela.Isadora, os pais e Bingley correram para abraçá-la e beijá-la. Darcy murmurou algo e Caroline somente sorriu.Eliza perguntou pela irmã e logo em seguida foi vê-la."– Lembra o que te falei de Caroline ser egoísta? Neste dia ela tentou de todas as maneiras denegrir a sua "ousadia" de aparecer tão desmantelada em uma casa de respeito. Não consegui dizer nada, pois você realmente estava linda. O exercício fez bem à sua pele.Elizabeth corou.– Muito obrigada! - Olhou para o relógio. Já passava do meio-dia. - Preciso comer algo. Podemos continuar depois?– Claro!Assim que ela saiu, Darcy se recriminou. Como podia flertar daquele jeito em um momento tão crítico?
Cartas do Passado (Orgulho & Preconceito) - Capítulo 5
Classificação: Livre;
Fandom: Orgulho e Preconceito - Jane Austen;
Par: Elizabeth Bennet/Fitzwilliam Darcy;
Gênero: Universo Alternativo;
Avisos: Não;
Sinopse: Darcy não salvou o dia. As consequências mudam de forma quase irreversível o curso desta história.
Eis que, 10 anos depois, o destino clama por uma última revisão das escolhas de cada um antes que o capítulo final seja escrito definitivamente.
Ainda há esperança.
Capítulo 5 - Os belos olhosDarcy retirou o envelope da caixa e o sentiu um pouco mais volumoso.– Lizzie, acredito que não são fotos!Ela se aproximou e retirou o pacote das mãos dele.– Ao que parece, – olhou dentro – este envelope contém fitas de vídeo!Darcy empalideceu imediatamente.– Fitas? Por que justamente as fitas?Lizzie assistiu ao homem descabelar os cabelos.– Hei, calma! Por que elas o deixam tão nervoso?O olhar de súplica quase a fez desistir.– Você não vai gostar de saber. Mesmo.– Combinamos que continuaríamos com o plano deles, certo? Pense no futuro. Nos benefícios. Eu, pelo menos, estou acreditando nisso.Darcy suspirou, mas anuiu.– Certo. Vamos assistir a esta fita de uma vez por todas!Acompanhou-a até uma sala com um reprodutor de k-7, inseriu a fita e entregou o controle nas mãos de Lizzie.“10 de agosto de 2002, 15:20.(Os pais de Isadora oferecem um almoço aos amigos da filha. Vários jovens, incluindo as irmãs Bennet e Lucas e os primos da anfitriã, estão presentes. A música de fundo é um rock suave. Bingley decide dar vazão à sua paixão: filmar. Porém, Jane ocupa sua atenção e ele repassa a câmera à Kitty, que se posta atrás de Charlotte e Lizzie.)– Char, Jane e Bingley foram feitos um para o outro, não? Ele lhe é tão atencioso, gentil! Se a conheço bem, diria que está se apaixonando muito intensamente!– Será que ele o percebe também, Lizzie? – Replicou a outra, apontando na direção da Bennet mais velha, que sorria de forma contida.Elizabeth riu.– Se não percebe, é um cego.Charlotte revirou os olhos.– Ele não a conhece como nós, cabeçuda!– Kitty, saia daqui com essa câmera! – A câmera estremece e um riso estridente é ouvido, mas o foco da filmagem permanece. – Char, Jane é tímida e reservada. Como poderá incentivá-lo de forma mais incisiva? Seria outra pessoa!– Eu sei, eu sei, mas é que eles não ficaram sozinhos tempo o suficiente para estes sentimentos aflorarem, minha querida. Bingley é inseguro, é perceptível. Será que continuará a manifestar estes sentimentos por Jane se não obtiver uma resposta favorável?– Reafirmo: se não perceber que ela só tem olhos para ele, então que pare de demonstrar interesse, pois não a merecerá.– Lizzie, eu adoro Jane. Somos amigas há muitos anos! Espero de coração que Bingley saiba reconhecer o que percebemos de longe.– Kitty, saia já daí! – A câmera é empurrada para longe das meninas e capta os olhos de Fitzwilliam Darcy focados em Elizabeth. Logo em seguida, a imagem se apaga.”O homem estava lívido na cadeira.– Você está bem? – Pausou o vídeo.Ele respirou fundo.– Só-só me assustou um pouco ver o quanto era diferente na época.Ela riu.– Bastante diferente, com certeza! – Mas estava desconfiada de que o motivo real não era aquele. – Vamos continuar? Podemos jantar depois!– Claro – e voltou os olhos para a TV.Com um revirar de olhos, Elizabeth apertou o play.“Na mesma festa.A posse da câmera volta ao dono, que está sentado perto de Darcy. Ao lado deste, em outro sofá, senta-se Elizabeth.– Sobrinho querido! – E o pai de Isadora se aproxima de Darcy. – Um dos maiores prazeres de minha vida é ver jovens cultos conversando sobre assuntos inteligentes. À juventude falta a sabedoria, e à velhice, o vigor. Posso assegurar que Eliza aqui – e senta-se ao lado dela – possui essas qualidades.– Decerto que as possui, tio. – E com um olhar grave sobre a moça: - Com toda a tecnologia e a rapidez crescente de informação, eu me decepcionaria muito se fosse diferente.O tio sorriu.– Bingley gosta de conversar, mas este não é o seu feitio, Will.– Faço-o sempre que minha atenção é despertada.– Sim, é verdade. E quando isto acontece, tenho grande prazer em ouvi-lo.Virou-se para Lizzie, que tentava não rir.– Eliza, querida! Que maravilhosa oportunidade. Você e meu sobrinho são muito similares, embora fale um pouco mais que ele. – Voltou-se novamente para o rapaz. – Posso assegurar-lhe que esta é a melhor interlocutora desta sala! Permita-me apresentá-los e...A moça se levantou bruscamente.– O senhor é um cavalheiro, mas se engana ao pensar que me sentei aqui em busca de companhia. Neste momento, estou em busca de silêncio.– Mas isto seria um sacrilégio! Com tamanho talento!Darcy se manifestou:– Fique, Elizabeth, estou apreciando esta conversa.Ela sorriu de forma debochada.– É muito gentil. – Deu meia-volta e saiu do local, seguida pelo pai de Isadora.– Acho que sei o que está pensando.Era Caroline, deslumbrante como sempre. Esta se sentou ao lado do amigo.– Não posso acreditar.– Você está medindo o horror de passar seus dias em companhia de pessoas tão... bárbaras. Concordo plenamente.– Está enganada. Estive pensando no prazer de belos olhos no rosto de uma mulher.– Ora! – Ela se sentiu lisonjeada. – Posso saber quem é a musa inspiradora?– Eliza Bennet.A expressão indignada de Caroline fez o irmão rir.– Desde quando a aprecia? Se bem me lembro, praticamente a insultou na festa de Isadora e...Continuou a destilar seu veneno, porém Bingley encontrou um assunto Bennet muito mais interessante e a gravação se encerrou."O homem estava de olhos fechados.– Uau!– Terrível, não?– Você era tão diferente! Tão...– Arrogante?Ela sorriu amarelo.– Bem, sim. Até seus elogios a mim pareciam xingamentos!Darcy olhou para baixo.– Muito se passou desde aquela época...Elizabeth se calou por um momento.– Sabe... Eu sempre achei que você se uniria à Caroline.– Sério? – Ele estava genuinamente espantado.– Vai me dizer que não sabia que ela era louca por você?– Ainda é. Por que eu me apaixonaria por ela?– Bem, ela era simplesmente linda. Seus gênios eram bastante compatíveis (ao menos no momento da fita), se conheciam desde sempre, sua tia aprovaria, eu me casei com o homem que você mais odiava...– Caroline era e é tudo isso, mas eu nunca, nunca senti algo desta magnitude por ela.– Não faz sentido! Por quê?– Lizzie, eu era um bastardo arrogante e orgulhoso, mas nunca faria mal a ninguém. Ao menos, não gratuitamente. Todas as minhas ações são pautadas no bem-estar das pessoas que amo. Caroline estava disposta a fazer o que pudesse para alcançar seus objetivos. Seu orgulho servia somente para torná-la mais egoísta. – Respirou fundo. – Se amor é filho da admiração, então nunca poderei sentir por ela... – “o que senti por você.”Os dois ficaram em silêncio por um momento.– Se me dá licença, vou tomar um banho. – Disse Darcy, totalmente sem graça, e saiu do cômodo.Lizzie apoiou a cabeça no joelho e lamentou, mentalmente, aquele fatídico dia de Julho.
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