RESENHA: O Palácio de Inverno - John Boyne


O Palácio de Inverno
Autor: John Boyne
ISBN: 978-85-359-1710-9
Páginas: 453
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2009
Sinopse: Pode-se fugir da história? Será possível viver no anonimato após uma existência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública? Geórgui Jachmenev passou a vida inteira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século XX que sempre lhe pareceu longo demais. Seus feitos começaram cedo: aos dezesseis anos, em ação impulsiva e atabalhoada, o rapaz impediu um atentado contra a vida de ninguém menos que o grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar Nicolau II, que, agradecido, nomeou Geórgui o guarda-costas oficial de seu filho Alexei, destinado a ser o próximo czar. Uma reviravolta impressionante, que o levou da taiga russa para o fausto dos palácios moscovitas, cenário que, apesar da amplidão e luxo de seus imensos corredores, iria se revelar bem mais inóspito que os frios grotões de sua vida anterior. A dura experiência com esse mundo gélido de intrigas palacianas, às quais sempre era jogado contra sua vontade, e de grandes tensões e responsabilidade só foi apaziguada com a chegada do primeiro amor, Zoia. Mas os tempos eram agitados, e a história deixou pouco espaço para idílios: quando a Revolução Bolchevique tomou de assalto o país, e isolou toda a família do czar numa casa de campo nos arredores de Ekaterinburg, mais uma vez Geórgui teve de agir rápido a fim de salvar a si e a Zoia. A vida com ela lhe custaria pátria, família e prestígio, e ele jamais se arrependeu disso - mas e para Zoia, o que teria custado? Numa narrativa fascinante, em que presente e passado vão convergindo em capítulos alternados, da Inglaterra dos anos Thatcher para a época dos czares russos, e dos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial para o turbilhão da Revolução Bolchevique, acompanhamos Geórgui em meio a acontecimentos históricos decisivos que acabam por se revelar mero pano de fundo para uma história de amor que esconde um grande mistério, talvez maior mesmo que a própria história.


Enredo
• Espaço: A descrição deste é subjetiva e de acordo com a importância, o que é pertinente à pessoa do narrador (primeira pessoa do singular) e à profundidade psicológica que este livro apresenta.
• Tempo: Possui uma trajetória histórica curiosa. As lembranças começam antes da Revolução Russa e continuam na ordem cronológica que lhes é natural; já o presente (1981) vai regredindo, até que lembranças e presente se reencontrem no penúltimo capítulo.
• Personagens: Por ser narrado em primeira pessoa, as personagens têm profundidade intimamente relacionada à visão do narrador, que é o mais complexo (o leitor tem acesso direto a todos seus pensamentos e emoções). As personagens também possuem um rigor histórico, sendo caracterizadas de acordo com o momento histórico, ambiente e cultura.
• Criatividade: Muitos livros, de fato, ilustram a história. No caso da Revolução Russa, o mais influente, sem dúvida, é Doutor Jivago. Mesmo assim, as semelhanças entre os dois enredos são poucas (além do momento histórico), pois John Boyne imprime características marcantes de sua escrita bem como o foco que dá a suas personagens, além do andamento temporal ser bem diferente. Em suma, uma ideia criativa.
• Andamento do enredo: No começo, a leitura é lenta, mas nada que faça o leitor desistir logo, já que o modo muitas vezes vago que Geórgui lista seus pensamentos e acontecimentos acaba instigando o espectador a prosseguir. A partir do momento em que os laços entre personagem-leitor vão se estreitando, a leitura adquire um andamento mais intenso e até mesmo tenso em dados momentos, o que só aumenta a vontade de continuar lendo.
• Início, meio e fim: Com a escrita que é característica de Boyne (vide O Menino do Pijama de Listrado), mas com um enfoque mais adulto e maduro, este enredo possui uma enxurrada de emoções que vai preenchendo as lacunas deixadas pelo narrador desde o início. A narrativa vaga de Geórgui deixa a leitura no escuro e demonstra um mistério que o leitor ansiará por desvendar (algumas pistas são deixadas em lugares estratégicos, mas o desenrolar final e certeiro se dará somente no último ponto final). O modo como o autor alterna os capítulos (passado e presente) também é bem curioso e característico. Mesmo com um momento histórico atribulado (Revolução Russa) e uma profundidade emocional impressionante, a escrita de John Boyne neste romance é suave.

Estrutura "Artística"
• Capa: A foto do Palácio de Inverno é pertinente ao título e ao enredo. O ângulo em que foi tirada a torna uma imagem bem agradável aos olhos.
• Diagramação: Perfeitamente organizada.
• Fontes: de tamanho excelente, fácil assimilação e leitura.
• Sinopse: Esta acima demonstrada é bastante extensa, mas, ironicamente, não entrega muito do enredo, já que o foco principal são as emoções e os pensamentos de Geórgui contextualizados à época em que se encontra.
• Enredo: Perfeitamente estruturado, construído e com referências históricas e espaciais de detalhes impressionantes.

Estrutura Física (Materiais)
• Capa: Material agradável ao toque, permite que a lombada seja aberta razoavelmente sem se deformar. Na capa em si, pode estar sujeito a alguns vincos ou rasgos, mas nada alarmante. .
• Páginas: De cor amarelada, reduzem a intensiva reflexão de luz, auxiliando o leitor a prolongar seu tempo de leitura.

Análise
Enredo (x2): 4,75
 • Espaço (x2): 5 (muito bom);
 • Tempo (x2): 5 (ótimo);
 • Personagens (x2): 5 (ótimas);
 • Criatividade (x1): 4 (muito bom);
• Andamento do enredo (x2): 4 (muito bom);
• Início, meio e fim (x3): 5 (ótimo);

Estrutura Artística (x1): 4,78
 • Capa (x1): 5 (ótima);
 • Diagramação (x1): 5 (ótima);
 • Fontes (x2): 5 (ótimas);
 • Sinopse (x2): 4 (muito boa);
• Enredo (x3): 5 (ótimo);

Estrutura física (x1): 5
 • Capa (x1): 5 (ótima)
• Páginas (x2): 5 (ótimas)

Nota final: [2.(4,75) + (4,78).1 + 5.1]/4= 4,82




Gostei da obra?
Fiquei bastante tocada do começo ao fim. O modo como o autor conduziu a história me deixou completamente presa à ela, chocada em alguns momentos, intensamente emocionada em outros. Em alguns momentos os pensamentos do narrador são crus, mas de forma alguma crueis. Ao contrário de outras histórias, Geórgui é leal ao imperador e aos seus e possui uma bondade de proporções tamanhas, contrastando com a personalidade de sua amada, um tanto fria mas forte. Simplesmente adorável!

O Autor
John Boyne (nascido em 30 de abril de 1971) é um romancista Irlandês. Ensinou língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galhardoado com o prêmio Curtis Brown. Já escreveu cinco romances e está escrevendo (em 2007) o sexto, assim como uma quantidade de contos que foram publicados em várias antologias e transmitidos por rádio e televisão. Seus romances foram publicadas em 29 idiomas. The Boy in the Striped Pyjamas é um "mais vendido" em Nova York e uma adaptação para o cinema começou a ser filmada em abril de 2007. Boyne reside em Dublim.

Agradeço à Companhia das Letras pelo exemplar.




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1 comentários:

  1. Fiquei muito interessada na história ainda mais sendo do autor de O Menino de Pijama Listrado....beijokas elis

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