RESENHA: O Ladrão de Casaca - Maurice Leblanc

O Ladrão de Casaca
Autor: Maurice Leblanc
ISBN:  9788572328319
Páginas: 200
Editora: Martin Claret
Ano: 2011
Sinopse:  Haveria no mundo um criminoso páreo para o detetive Sherlock Holmes? Muitos pensam que não. Mas um criminoso francês, um ladrão cavalheiro, verdadeiro gentleman do crime, desafiou o detetive inglês e saiu, diversas vezes, completamente ileso. Crimes fantásticos e intrigantes agitaram a França do início do século XX, revelando um nome inesquecível: Arsène Lupin — criminoso hábil, carismático, sedutor, simpático e humano. Num bilhete, ele avisa a sua vítima de que vai assaltá-la; numa notícia de jornal, anuncia sua fuga da prisão e, com uma petulância repleta de ironia, desafia o investigador Ganimard — mundialmente conhecido por ter conseguido prender o ladrão mais habilidoso que já se viu. O ladrão de casaca reúne nove contos com os feitos fantásticos de Lupin. E o leitor mais moralista deve tomar muito cuidado. Entre uma e outra artimanha, pode ser seduzido e, de repente, sem que perceba, ver-se torcendo pela vitória do criminoso.



Enredo

Arsène Lupin, um dos mais renomados personagens franceses da literatura mundial. Imagine a história de um bon-vivant em contraste com a Belle-Époque! O Ladrão de Casaca é um livro de contos (exatamente 9) que se entrelaçam entre si e criam um romance só.
Cada conto se utiliza de várias descrições espaciais de forma a situar o leitor, em especial quando os objetos de desejo do ladrão estão em foco ou algum detalhe na cena seja crucial de modo a ajudar o leitor a desvendar as façanhas de Lupin ou simplesmente a ludibriar o espectador. Não é uma caracterização cansativa, enfadonha, mas sim bem justificada em cada um dos momentos em que aparece, principalmente por aquele não ser o tempo de origem do leitor.
Como dito acima, o período em que se passam as peripécias de Arsène (e mesmo o período em que a personagem foi criada) se dá na Belle Époque (que dura de 1871 a 1914). Os fatores que corroboram para afirmar tal característica são o linguajar de época, as vestes (em especial da classe alta), os métodos de prisão (características da polícia e dos ladrões) e a tecnologia disponível na época (telégrafo, por exemplo, no primeiro conto).
Arsène Lupin é um ladrão extremamente engenhoso, inteligente, irônico e inquieto. Assim como Holmes desvenda mistérios para não sujeitar sua mente brilhante ao ócio, Arsène fabrica crimes para sua própria diversão. É ladrão por nenhum motivo a não ser sua própria vontade. Aliás, como o leitor poderá notar, as vontades de Lupin sempre prevalecerão, não importa o quanto Ganimard tente evitar. Uma vez o famoso detetive francês conseguiu colocar o ladrão atrás das grades - mas, como o leitor irá perceber, até mesmo as aparentes falhas do criminoso na verdade são estratégias mais que bem planejadas a fim de alcançar um objetivo maior. Assim sendo, Arsène é a personagem mais complexa deste livro, claro, ao mesmo tempo em que dá uma visão bem geral da cena (uma parte dos contos é construída em primeira pessoa do singular, o que limita um pouco a visão o leitor - mas apenas isto).
Ganimard, por sua vez, é um grande investigador. Não como Sherlock, com o devido respeito, mas famosíssimo por seus métodos e sucesso (afinal, Ganimard prendeu Arsène Lupin, o ladrão mais procurado de toda a França). Aos poucos, Ganimard mostra a dualidade entre sua admiração por Lupin (que homem sagaz) e sua obrigação (e vontade) de prendê-lo e evitar que cometa mais crimes.
Outra personagem de destaque é Herlock Sholmes, um óbvio trocadilho de nomes por conta de um processo movido por Conan Doyle a respeito do nome de sua personagem. O nome do último conto "Herlock Sholmes chega tarde demais" já demonstra que o famoso ladrão consegue, ao menos, passar a perna no detetive mais inteligente de todo o mundo. Arsène é ou não é bastante audacioso?
O andamento do enredo é bastante tranquilo. O leitor tem sua curiosidade aumentada a cada conto, mas não é nada brusco. É algo cálido e cheio de elegância como o próprio ladrão. Criar um antagonista para o detetive mais famoso do mundo foi uma ideia muito válida na época (vale lembrar que Arsène Lupin nasceu de uma encomenda de uma novela policial com um herói às proporções de Sherlock Holmes para os franceses de Pierre Lafitte (editor da revista Je Sais Tout) a Maurice Leblanc).



Estrutura "Artística"

Arsène Lupin afirma diversas vezes não reconhecer a si próprio no espelho por conta dos inúmeros disfarces que sua mente cria - disfarces tão minuciosos como mudar completamente sua letra ou sua voz. Assim, a capa não poderia ser diferente: a imagem de um homem completamente mutável, ao mesmo tempo completamente familiar e irreconhecível ao leitor. A diagramação do livro é muito bem organizada e feita com capricho.As fontes são proporcionais ao formato um pouco menor, mas de fácil assimilação.
Apesar de mostrar vários acontecimentos que acontecem no livro, a sinopse não entrega por inteiro. Há tantos parâmetros a serem avaliados que alguns "spoilers" soltos não alteram em absolutamente nada.
A rivalidade França x Inglattera é muito conhecida. Na época em que Arsène vivia, esta rivalidade era intensa, alimentada por conceitos de cada lado e competições comerciais de todo o tipo. A existência de um ladrão tão luxuoso como Arsène (França) em contrapartida a um genial detetive (Inglaterra) é premeditada e demonstra planejamento antes da publicação definitiva. Além disto, conta com notas de rodapé e os erros de grafia e pontuação são nulos.


Estrutura Física (Materiais)
O material dos livros é agradável e muito bem resistente. A capa possui a constituição básica comum, mas seu revestimento é de plástico especial de modo a torná-la muito menos suscetível a amassados, rasgos ou qualquer dano do gênero. A cor branca das páginas não reduz a reflexão intensa da luz, mas, por ser um livro pequeno, este fator não altera em grandes proporções. O formato menor é muito mais anatômico e inteligente, possibilitando ao leitor a degustação da obra em qualquer lugar de sua escolha.

Análise
Enredo (x2): 4,83
 • Espaço (x2): 5 (muito bom);
 • Tempo (x2): 5 (ótimo);
 • Personagens (x2): 5 (ótimas);
 • Criatividade (x1): 5 (muito bom);
• Andamento do enredo (x2): 4 (muito bom);
• Início, meio e fim (x3): 5 (muito bom);

Estrutura Artística (x1): 5
 • Capa (x1): 5 (ótima);
 • Diagramação (x1): 5 (ótima);
 • Fontes (x2): 5 (ótimas);
 • Sinopse (x2): 5 (ótima);
• Enredo (x3): 5 (ótimo);

Estrutura física (x1): 4,3
 • Capa (x1): 5 (ótima)
• Páginas (x2): 5 (ótimas)

Nota final: [2*(4,83) + (5)*1 + 5*1]/4= 4,91




Gostei da obra?
Sempre gostei muito de livros de outras épocas (e países). Sou uma aficcionada por literatura alemã, mas a literatura europeia, no geral, me fascina muito também. Sou fã de Sherlock Holmes (e pergunto: quem, se teve a oportunidade de ler os livros, não o é?), de sua mente sagaz, de sua mordaz percepção de mundo. Conhecer Lupin, o antagonista, mas que não é tão diferente de Holmes foi delicioso. Ora, como dito acima: tanto Holmes quanto Lupin têm como sua "profissão" o hobby relacionado ao crime, que permite que suas mentes não caiam no marasmo. Arsène me fascinou ainda mais por sua humanidade. Por mais que seja incrivelmente inteligente (e que saiba disto), é tão charmoso e envolvente que o leitor facilmente se identifica. Um livro maravilhoso que todos deveriam ler, em especial os que gostam de romances policiais. Mas já vou avisando! Cuidado para não admirar demais o ladrão de casaca...

O Autor
MAURICE LEBLANC (Rouen, 11 de novembro de 1864 — Perpignan, 6 de novembro de 1941) foi um escritor francês.
Filho de um construtor naval, estudou Direito e trabalhou certo tempo na empresa familiar. Mais tarde se fez conhecer em Paris com novelas analíticas, que conquistaram a estima e a proteção de Guy de Maupassant. Leblanc alcançou a fama por sua personagem Arsène Lupin, que apareceu pela primeira vez numa publicaçao mensal chamada "Je sais tout"(eu sei de tudo) entre 1905 e 1907 com o título Arsène Lupin, gentleman-cambrioleur. Desde então, se dedicou quase exclusivamente às aventuras do seu herói em várías novelas e recompilações de histórias.

Agradeço à Editora Martin Claret pelo exemplar. Resenha REpublicada e atualizada.


ATENÇÃO: Este tipo de resenha é um teste. As próximas poderão ser tanto neste formato quanto no anterior. Qualquer dúvida, mande um e-mail.



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3 comentários:

  1. Olá!!

    Também gosto muito de Literatura Europeia! 
    Eu não conhecia esse livro, mas deve ser realmente maravilhoso com todo seu ar decadente de um Bom Vivant na Belle Époque.
    *o*


    Beijos,Samantha MonteiroWord In My Baghttp://wordinmybag.blogspot.com.br/

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  2. Olá, Samantha!

    Fico muito feliz! Literatura europeia, em geral, é muito charmosa! Tenho certeza de que você apreciaria muito a leitura! :D

    Obrigada pela presença! :D
    Em 15/06/2012 16:36, "Disqus" escreveu:

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  3. Eu tenho que ler esse livro! Parece ser tão a minha cara. E já que você gostou é um incentivo a mais.
    Beijo

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