RESENHA: A Mesa Voadora - Luís Fernando Veríssimo
A Mesa Voadora
Autor: Luís Fernando Veríssimo
ISBN: 8573023902
Páginas: 156
Editora: Objetiva
Ano: 2001
Sinopse: A Mesa Voadora traz uma seleção de 47 crônicas recheadas com dicas bem-humoradas de quem transita com a mesma desenvoltura por sofisticados bistrôs de Paris ou pastelarias de beira de estrada. Com o domínio que tem sobre a "gastronomia" e suas variantes, o autor surpreende ao revelar que a única parte de qualquer receita de comida que o interessa é a última, aquela que começa depois do "leve à mesa". "Só entro em cozinha para abrir a geladeira", confessa o gourmet.
Mas para a nossa sorte, depois de comer tanto e tão bem, Verissimo ainda escreve, deliciosamente, sobre suas memórias gustativas. Em Às Sopas, por exemplo, ele faz uma verdadeira declaração de amor à iguaria e aponta as várias razões para reverenciarmos os minestrones, consomês e caldos: "(...) A sopa nos dá, como nenhum outro tipo de comida, a oportunidade de demonstrar nosso prazer à mesa. Os chineses, inclusive, consideram falta de educação tomar uma sopa em silêncio. Deve-se sorvê-la, ruidosamente, indicando para quem quiser ouvir, mesmo da rua, que ela está ótima e que a vida, tirando algumas passagens de extremo mau gosto, vale a pena ser saboreada (...)", observa o autor.
Já em O buffet, o humorista traça seu plano estratégico para desfrutar com propriedade o serviço de uma festa. E seguindo as preciosas dicas, o leitor vai estar saboreando o prato quente enquanto outros convidados, menos empreendedores , ainda nem chegaram perto dos tomates. Mas, alerta Verissimo: "Não se desmobilize, no entanto. Lembre-se de que ainda falta a batalha dos doces...".
Sentar à mesa em companhia desse mestre do humor é garantia de boa diversão! Bom apetite!
Enredo
• Espaço: por se tratar de um livro de crônicas, o espaço é importante mas não é o aspecto mais notável do livro. É necessário para embasar as situações que o autor descreve. Exemplo:
• Tempo: Praticamente inexistente uma definição clara do mesmo. O próprio autor alerta que a ordem cronológica não foi respeitada. E, mesmo assim, nenhuma referência maior à época é necessária. Basta que se saiba que os tempos são os atuais e os próximos, tendo em vista os costumes culinários. Acaba se contextualizando pela lenta mudança de um costume a outro.
• Personagens: as poucas que existem são caricaturas das pessoas comuns, ou seja, têm seus atributos exagerados a fim de criar o humor. Ademais, as crônicas são, em sua maioria, escritas em um tom de primeira pessoa, onisciente todavia, o que não torna a presença de personagens complexas algo necessário.
• Criatividade: Muito criativo. O propósito da crônica é partir de algo do cotidiano e falar sobre isso de uma forma atual, contextualizada e bem-humorada que faça o leitor se identificar. Tratar do tema comida é uma ideia bastante nova no mundo das crônicas, em especial um livro inteiro só delas. O modo Veríssimo de escrevê-las também é inovador no assunto.
• Andamento do enredo: rápido pelo bom humor que foi imprimido no enredo. Como diria Fernando Sabino, a crônica é algo para ser lido no café da manhã. Portanto, é leve, divertida e possui um andamento delicioso.
• Início, meio e fim: Como não se trata de um romance, tais aspectos não são muito relevantes. Algumas considerações: o modo como Veríssimo começa suas crônicas e as termina é o mesmo de sempre; todavia, ao mudar de assunto, dá a impressão de ter mudado seu "estilo", o que não cansa o leitor por repetição.
Estrutura "Artística"
• Capa: a figura em "biscuit" do autor é sua marca registrada e não poderia ter faltado nesta obra. A cor amarela chama a atenção.
• Diagramação: fixa, confere organização.
• Fontes: de tamanho razoável, de fácil leitura e que não cansam o leitor.
• Sinopse: A sinopse acima é muito longa e entrega muito. Embora não seja um romance, é um livro cujo conteúdo completo é de total desconhecimento do leitor e que precisa atrair sua atenção para que seja lido. Com uma sinopse tão exagerada, é possível que muitos desistam sem tentar.
• Enredo: a escolha das palavras e da ordem das mesmas é fator primordial dentro da crônica e foi perfeitamente sincronizado com os outros aspectos.
Análise
Enredo (x2): 4,67 (muito bom);
• Espaço (x2): 4 (muito bom);
• Tempo (x2): 5 (ótimo);
• Personagens (x2): 4 (muito boas);
• Criatividade (x1): 5 (ótima);
• Andamento do enredo (x2): 5 (ótimo);
• Início, meio e fim (x3): 5 (ótimos);
Estrutura Artística (x1): 4,56 (muito boa);
• Capa (x1): 5 (ótima);
• Diagramação (x1): 5 (ótima);
• Fontes (x2): 5 (ótimas);
• Sinopse (x2): 3 (boa);
• Enredo (x3): 5 (ótimo);
Nota final: [2.(4,67) + 4,56.1]/3 = 4,63
Trechos interessantes
Gostei da obra?
Sou fã do Veríssimo (pai/filho) há muitos e muitos anos e já li quase todos os seus livros - este era um dos poucos que faltava. Cada tema tem uma abordagem interessante do Veríssimo que me encanta. Quando li As Mentiras Que Os Homens Contam, fiquei impressionada com a "libertinagem" ali incluída, embora de forma curiosa. Já Comédias Para Se Ler Na Escola é mais brando nesta parte, mas ainda assim lembra bastante as "artes" dos tempos do colégio. Sempre me identifiquei no ato com as crônicas do Veríssimo e A Mesa Voadora foi, quiçá, o livro dele com o qual mais me identifiquei. Afinal, quem nunca teve dúvidas se ia ou não logo para a fila do buffet??
O Autor
Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936) é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e copy desk de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.
Esta resenha faz parte do Desafio Literário 2012.
Autor: Luís Fernando Veríssimo
ISBN: 8573023902
Páginas: 156
Editora: Objetiva
Ano: 2001
Sinopse: A Mesa Voadora traz uma seleção de 47 crônicas recheadas com dicas bem-humoradas de quem transita com a mesma desenvoltura por sofisticados bistrôs de Paris ou pastelarias de beira de estrada. Com o domínio que tem sobre a "gastronomia" e suas variantes, o autor surpreende ao revelar que a única parte de qualquer receita de comida que o interessa é a última, aquela que começa depois do "leve à mesa". "Só entro em cozinha para abrir a geladeira", confessa o gourmet.
Mas para a nossa sorte, depois de comer tanto e tão bem, Verissimo ainda escreve, deliciosamente, sobre suas memórias gustativas. Em Às Sopas, por exemplo, ele faz uma verdadeira declaração de amor à iguaria e aponta as várias razões para reverenciarmos os minestrones, consomês e caldos: "(...) A sopa nos dá, como nenhum outro tipo de comida, a oportunidade de demonstrar nosso prazer à mesa. Os chineses, inclusive, consideram falta de educação tomar uma sopa em silêncio. Deve-se sorvê-la, ruidosamente, indicando para quem quiser ouvir, mesmo da rua, que ela está ótima e que a vida, tirando algumas passagens de extremo mau gosto, vale a pena ser saboreada (...)", observa o autor.
Já em O buffet, o humorista traça seu plano estratégico para desfrutar com propriedade o serviço de uma festa. E seguindo as preciosas dicas, o leitor vai estar saboreando o prato quente enquanto outros convidados, menos empreendedores , ainda nem chegaram perto dos tomates. Mas, alerta Verissimo: "Não se desmobilize, no entanto. Lembre-se de que ainda falta a batalha dos doces...".
Sentar à mesa em companhia desse mestre do humor é garantia de boa diversão! Bom apetite!
Enredo
• Espaço: por se tratar de um livro de crônicas, o espaço é importante mas não é o aspecto mais notável do livro. É necessário para embasar as situações que o autor descreve. Exemplo:
"Uma vez, juro, vi um faisão empalhado no centro da mesa, na pose de quem se preparava para decolar deste insensato mundo. Só o que o mantinha na terra era a sua própria carne, em fatias, a seus pés."Assim, é bem equilibrado com os outros aspectos.
• Tempo: Praticamente inexistente uma definição clara do mesmo. O próprio autor alerta que a ordem cronológica não foi respeitada. E, mesmo assim, nenhuma referência maior à época é necessária. Basta que se saiba que os tempos são os atuais e os próximos, tendo em vista os costumes culinários. Acaba se contextualizando pela lenta mudança de um costume a outro.
• Personagens: as poucas que existem são caricaturas das pessoas comuns, ou seja, têm seus atributos exagerados a fim de criar o humor. Ademais, as crônicas são, em sua maioria, escritas em um tom de primeira pessoa, onisciente todavia, o que não torna a presença de personagens complexas algo necessário.
• Criatividade: Muito criativo. O propósito da crônica é partir de algo do cotidiano e falar sobre isso de uma forma atual, contextualizada e bem-humorada que faça o leitor se identificar. Tratar do tema comida é uma ideia bastante nova no mundo das crônicas, em especial um livro inteiro só delas. O modo Veríssimo de escrevê-las também é inovador no assunto.
• Andamento do enredo: rápido pelo bom humor que foi imprimido no enredo. Como diria Fernando Sabino, a crônica é algo para ser lido no café da manhã. Portanto, é leve, divertida e possui um andamento delicioso.
• Início, meio e fim: Como não se trata de um romance, tais aspectos não são muito relevantes. Algumas considerações: o modo como Veríssimo começa suas crônicas e as termina é o mesmo de sempre; todavia, ao mudar de assunto, dá a impressão de ter mudado seu "estilo", o que não cansa o leitor por repetição.
• Capa: a figura em "biscuit" do autor é sua marca registrada e não poderia ter faltado nesta obra. A cor amarela chama a atenção.
• Diagramação: fixa, confere organização.
• Fontes: de tamanho razoável, de fácil leitura e que não cansam o leitor.
• Sinopse: A sinopse acima é muito longa e entrega muito. Embora não seja um romance, é um livro cujo conteúdo completo é de total desconhecimento do leitor e que precisa atrair sua atenção para que seja lido. Com uma sinopse tão exagerada, é possível que muitos desistam sem tentar.
• Enredo: a escolha das palavras e da ordem das mesmas é fator primordial dentro da crônica e foi perfeitamente sincronizado com os outros aspectos.
Análise
Enredo (x2): 4,67 (muito bom);
• Espaço (x2): 4 (muito bom);
• Tempo (x2): 5 (ótimo);
• Personagens (x2): 4 (muito boas);
• Criatividade (x1): 5 (ótima);
• Andamento do enredo (x2): 5 (ótimo);
• Início, meio e fim (x3): 5 (ótimos);
Estrutura Artística (x1): 4,56 (muito boa);
• Capa (x1): 5 (ótima);
• Diagramação (x1): 5 (ótima);
• Fontes (x2): 5 (ótimas);
• Sinopse (x2): 3 (boa);
• Enredo (x3): 5 (ótimo);
Nota final: [2.(4,67) + 4,56.1]/3 = 4,63
Trechos interessantes
"Antes de mais nada, não obedeça a ordens. É comum o anfitrião sugerir, bem-humorado, alguma espécie de hierarquia no acesso ao buffet. Primeiro, as mesas deste lado ou daquele, primeiro os mais velhos, as autoridades, os mutilados de guerra etc. Ignore-o. Seja o primeiro a saltar da mesa, mesmo fora de ordem. O máximo que pode acontecer é você receber olhares feios. O que importa isto diante de uma cascata de camarões ainda intocada e da oportunidade de escolher os melhores tomates? Nunca desmereça as vantagens de chegar primeiro."
"Pois, se a grande cozinha da França é o resultado de um nobre compromisso histórico entre o francês e o seu próprio fígado, a cozinha italiana um pretexto para reunir a família e falar com a boca cheia, a alemã uma permanente precaução contra os rigores do inverno e outras exigências de calorias e vitalidade e a suíça uma indefinível combinação de tudo isto, a cozinha chinesa é a única que fala ao cérebro antes de fazer qualquer outro apelo."
"O doutor disse que queria a galinha ao molho pardo. Há anos que não comia uma galinha ao molho pardo. A empregada sabia como se preparava galinha ao molho pardo? A mulher foi consultar a empregada. Dali a pouco o doutor ouviu um grito de horror vindo da cozinha Depois veio a mulher dizer que ele esquecesse a galinha ao molho pardo.— A empregada não sabe fazer? — Não só não sabe fazer, como quase desmaiou quando eu disse que precisava cortar o pescoço da galinha. Nunca cortou um pescoço de galinha. "
Gostei da obra?
Sou fã do Veríssimo (pai/filho) há muitos e muitos anos e já li quase todos os seus livros - este era um dos poucos que faltava. Cada tema tem uma abordagem interessante do Veríssimo que me encanta. Quando li As Mentiras Que Os Homens Contam, fiquei impressionada com a "libertinagem" ali incluída, embora de forma curiosa. Já Comédias Para Se Ler Na Escola é mais brando nesta parte, mas ainda assim lembra bastante as "artes" dos tempos do colégio. Sempre me identifiquei no ato com as crônicas do Veríssimo e A Mesa Voadora foi, quiçá, o livro dele com o qual mais me identifiquei. Afinal, quem nunca teve dúvidas se ia ou não logo para a fila do buffet??
O Autor
Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936) é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e copy desk de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.
Esta resenha faz parte do Desafio Literário 2012.
Eu adoro esse autor - ele é super divertido e muito inteligente!
ResponderExcluirBeijos,
Nanie - Nanie's World
A família Veríssimo já passou a fazer parte dos clássicos nacionais e são simplesmente ótimo, cheio de humores e inteligentes.
ResponderExcluirCheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/
Ana amei os quotes que escolheu e só por eles notei que iria amar o livro....\o/...bela resenha.....beijokas elis
ResponderExcluirCara, Veríssimo é Veríssimo, não tem outro, desconsiderando o quesito pai/filho, claro. Na verdade o livro em questão tem na biblioteca da minha escola e eu já folhiei algumas páginas, mas nunca de começo ao fim, . As histórias dele sempre me fazem rir, e voc~e vai percebendo a verdade em cada palavra, é maravilhoso!
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