RESENHA: A Morte do Cozinheiro - Allan Pitz
A Morte do Cozinheiro
Autor: Allan Pitz
Editora: Above Publicações
Ano: 2010
Número de páginas: 80
Edição: 1ª
Palavras-chave: Literatura Brasileira, Século XXI
Skoob
Sinopse:
Palavras do autor: "Nesse livro em especial não me prendi a nada; fiz como fazia nos palcos: montei um personagem e deixei fluir tudo na sua sintonia. O protagonista, Luiz Aurélio, encontra-se num estado de perturbação mental contínuo: não existe mais verdade ou ilusão; existe a sua realidade tragicômica tosca de perdas super valorizadas e ciúmes." Apresentação do livro: É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com minhas próprias mãos de escrever versos. Havia motivo claro em saciar-se com a sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro. Eu estripei-o com suas facas imundas de trabalho banal, e escalpelei por mimo infantil, de criança brincalhona, ao ver os índios e escalpes na TV. Matei o demônio com noventa facadas, cultivando um novo demônio sanguinário em mim, portanto não negarei ter feito a coisa mais maravilhosa que eu poderia fazer por minha inconsequência gloriosa naquele momento: Eu matei o cozinheiro. A morte do cozinheiro já deve ser considerada uma das obras literárias mais intensas e atuais sobre a dor de cotovelo e o ciúme. De forma singular o autor nos guia sem medo até o amor doente de Luiz Aurélio e as psicoses novas da recente solidão induzida. A derrota do ”eu” exaltado, o abandono, e a morte que pede lugar ao descontentamento puramente egoísta caminham livres. Vemos um jogo de querer e não poder, que desenrola o frágil espírito do ser humano desiludido de amor. Usando a mescla de linguagens necessária em sua abordagem diferenciada, Allan Pitz atormenta os corações abalados neste livro memorável e instigante, fazendo enxergar com outros olhos a parte considerada cruel de uma trágica história romântica.
Espaço
Gostou da obra?
No começo, confesso que fiquei um pouco receosa com este livro. Não sou muito acostumada a livros curtos com temáticas tão polêmicas - e com o enfoque que o Allan imprimiu à obra. Com o passar da leitura, porém, fui me afeiçoando a Luiz Aurélio da melhor forma possível - já que ele, notoriamente, é um assassino. Todavia, a "afeição" que senti pela personagem principal foi bem diferente do que eu esperava. Não sei se foi o toque do humor e da ironia que presenciei durante o enredo, mas Luiz Aurélio me fez rir e só. Não me conquistou e me confundiu como, por exemplo, Gordon Reece e sua protagonista fizeram. Mas eu creio, sinceramente, que esta era a intenção. Gostei, principalmente, das últimas páginas, as mais acentuadas na ironia. Dei boas risadas... Enfim, foi uma leitura prazerosa ao final de tudo.
Avaliação
- Enredo (original, com intensidade crescente; boa escrita): 4 (ótimo)
- Capa e sinopse (poderia ser melhor; peca pelo excesso): 2 (regulares)
- Estrutura Física (bom material de capa; letras garrafais e cor branca das páginas pode exaurir o leitor.): 2 (regular)
- Espaço (caracterização simples mas de grande respaldo ao enredo.): 4(bom)
- Tempo (idem a "espaço"): 4 (bom)
- Personagens (complexidade, caracterização psicológica realista da personagem principal): 5 (ótimas)
- Fluxo narrativo (variação muito brusca de enredo em muitos momentos.): 3 (bom)
- Aspectos linguísticos (não há inconformidades): 5 (ótimos)
Nota: 3, 625
Recomendações
A todos que queiram inovar suas leituras, mudar as perguntas.
O escritor carioca Allan Pitz é, além de diretor teatral − o que confere à sua escrita uma dramaticidade extra, inerente às artes cênicas −, um pensador do asfalto, um peregrino das ebulições da vida, filósofo urbano, romancista original. Autodenomina-se com humor: “Escritor por maioria de votos, contador de histórias, visceral, humano, PhD nas próprias reflexões e estudos solitários sobre tudo”. Tem compulsão pela vida, que registra em jorros, nas incontáveis cenas de absurdo criadas a partir de sua observação do cotidiano. Tudo pode ser subsídio para se transformar em uma cena, um conto, uma ideia para um livro.
Obrigada ao Selo Brasileiro por disponibilizar a leitura.
Autor: Allan Pitz
Editora: Above Publicações
Ano: 2010
Número de páginas: 80
Edição: 1ª
Palavras-chave: Literatura Brasileira, Século XXI
Skoob
Sinopse:
Palavras do autor: "Nesse livro em especial não me prendi a nada; fiz como fazia nos palcos: montei um personagem e deixei fluir tudo na sua sintonia. O protagonista, Luiz Aurélio, encontra-se num estado de perturbação mental contínuo: não existe mais verdade ou ilusão; existe a sua realidade tragicômica tosca de perdas super valorizadas e ciúmes." Apresentação do livro: É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com minhas próprias mãos de escrever versos. Havia motivo claro em saciar-se com a sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro. Eu estripei-o com suas facas imundas de trabalho banal, e escalpelei por mimo infantil, de criança brincalhona, ao ver os índios e escalpes na TV. Matei o demônio com noventa facadas, cultivando um novo demônio sanguinário em mim, portanto não negarei ter feito a coisa mais maravilhosa que eu poderia fazer por minha inconsequência gloriosa naquele momento: Eu matei o cozinheiro. A morte do cozinheiro já deve ser considerada uma das obras literárias mais intensas e atuais sobre a dor de cotovelo e o ciúme. De forma singular o autor nos guia sem medo até o amor doente de Luiz Aurélio e as psicoses novas da recente solidão induzida. A derrota do ”eu” exaltado, o abandono, e a morte que pede lugar ao descontentamento puramente egoísta caminham livres. Vemos um jogo de querer e não poder, que desenrola o frágil espírito do ser humano desiludido de amor. Usando a mescla de linguagens necessária em sua abordagem diferenciada, Allan Pitz atormenta os corações abalados neste livro memorável e instigante, fazendo enxergar com outros olhos a parte considerada cruel de uma trágica história romântica.
Espaço
Tem algumas parcas passagens, em especial a casa do narrador.
• Caracterização: Por ser um livro mais psicológico, não há grandes descrições do enredo (o que é muito coerente). As que existem são compatíveis com a proposta: subjetivas e centradas em alguns objetos especiais.
Tempo
Atualidade.
• Caracterização: Por se tratar de uma linha mais psicológica, a descrição de tal é feita de uma forma mais despreocupada mas não menos importante.
Personagens
A índole das personagens exteriores à principal não é passível de determinação objetiva, já que não se pode ter certeza do que lhes passa na cabeça. A única personagem da qual se pode ter certeza de algo é o narrador, e mesmo assim esta "certeza" só é encontrada ao final do livro, depois de toda a construção de personalidade que o enredo (e a personagem no papel de narrador) fazem.
Coerência entre espaço, tempo e personagens
Como exemplo de uma literatura psicológica, o aspecto principal com certeza são as personagens; entretanto, este não seria possível sem um respaldo mínimo de tempo e de espaço, o que este enredo cumpre com louvor.
Enredo
Em toda a história o narrador apresenta os fatos e visões diretamente ao leitor, sem truques, sem mentiras. É como se fosse uma confissão. E esta característica não se altera durante toda a história, tornando-a singular. Além disto, por ser um livro de fácil leitura, consegue atrair o leitor mais e mais para dentro do enredo de uma forma exemplar. A pergunta diferente que a história traz - Não "Quem é o assassino?" e sim "Por que o crime?" - a torna mais original e pertinente à proposta. O jeito irônico com que a "mente" do narrador trata a sociedade, os fatos e tudo o que o cerca, além de suas diferentes reações e percepções diante de temas polêmicos como a morte, tornam este livro muito interessante.
Capa e Sinopse
A capa é bonita, é pertinente ao enredo e ao título, mas poderia ser um pouco mais caprichada. A sinopse é mediana, pois apresenta muito bem o enredo, mas peca pelo excesso.
Estrutura física
O material com o qual o livro foi confeccionado é bom. A diagramação, entretanto, pode ter comprometido alguns aspectos importantes. É compreensível que, por se tratar de um enredo menor, as letras devam ser aumentadas para comportar uma melhor estrutura e visibilidade; todavia, o tamanho da fonte (e, por conseguinte, a própria fonte escolhida) podem se tornar agressivas ao leitor. A cor branca das páginas pode cansar (mesmo sendo uma leitura curta. Vale lembrar que a mente do leitor é posta à prova a todo momento; o mínimo de cansaço por fatores externos é essencial) os olhos.
O material com o qual o livro foi confeccionado é bom. A diagramação, entretanto, pode ter comprometido alguns aspectos importantes. É compreensível que, por se tratar de um enredo menor, as letras devam ser aumentadas para comportar uma melhor estrutura e visibilidade; todavia, o tamanho da fonte (e, por conseguinte, a própria fonte escolhida) podem se tornar agressivas ao leitor. A cor branca das páginas pode cansar (mesmo sendo uma leitura curta. Vale lembrar que a mente do leitor é posta à prova a todo momento; o mínimo de cansaço por fatores externos é essencial) os olhos.
Gostou da obra?
No começo, confesso que fiquei um pouco receosa com este livro. Não sou muito acostumada a livros curtos com temáticas tão polêmicas - e com o enfoque que o Allan imprimiu à obra. Com o passar da leitura, porém, fui me afeiçoando a Luiz Aurélio da melhor forma possível - já que ele, notoriamente, é um assassino. Todavia, a "afeição" que senti pela personagem principal foi bem diferente do que eu esperava. Não sei se foi o toque do humor e da ironia que presenciei durante o enredo, mas Luiz Aurélio me fez rir e só. Não me conquistou e me confundiu como, por exemplo, Gordon Reece e sua protagonista fizeram. Mas eu creio, sinceramente, que esta era a intenção. Gostei, principalmente, das últimas páginas, as mais acentuadas na ironia. Dei boas risadas... Enfim, foi uma leitura prazerosa ao final de tudo.
Avaliação
- Enredo (original, com intensidade crescente; boa escrita): 4 (ótimo)
- Capa e sinopse (poderia ser melhor; peca pelo excesso): 2 (regulares)
- Estrutura Física (bom material de capa; letras garrafais e cor branca das páginas pode exaurir o leitor.): 2 (regular)
- Espaço (caracterização simples mas de grande respaldo ao enredo.): 4(bom)
- Tempo (idem a "espaço"): 4 (bom)
- Personagens (complexidade, caracterização psicológica realista da personagem principal): 5 (ótimas)
- Fluxo narrativo (variação muito brusca de enredo em muitos momentos.): 3 (bom)
- Aspectos linguísticos (não há inconformidades): 5 (ótimos)
Nota: 3, 625
Recomendações
A todos que queiram inovar suas leituras, mudar as perguntas.
O Autor
O escritor carioca Allan Pitz é, além de diretor teatral − o que confere à sua escrita uma dramaticidade extra, inerente às artes cênicas −, um pensador do asfalto, um peregrino das ebulições da vida, filósofo urbano, romancista original. Autodenomina-se com humor: “Escritor por maioria de votos, contador de histórias, visceral, humano, PhD nas próprias reflexões e estudos solitários sobre tudo”. Tem compulsão pela vida, que registra em jorros, nas incontáveis cenas de absurdo criadas a partir de sua observação do cotidiano. Tudo pode ser subsídio para se transformar em uma cena, um conto, uma ideia para um livro.
Eu gostei da sua resenha.
ResponderExcluirTenho vontade de ler esse livro mesmo pela curiosidade.
Ele é bem pequeno né?
Bjok
Oi Ana!!
ResponderExcluirGostei da sua resenha, o livro parece ser interessante... 80 páginas, é bem curtinho, dá pra ler rápido!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Esses livros psicológicos me chamam atenção sempre. Parece ser muito bom! valeu pela dica!
ResponderExcluirTenho esse livro há um tempo e apesar de ser bem pequeno ainda não li. A diagramação deixou um pouco a desejar mesmo. Mas eu gostei da capa. Ano que vem lerei!
ResponderExcluir----Leituras & Fofuras----
www.leiturasefofuras.com.br