[RESENHA] DRACO SAGA: O Despertar (vol. 1) - Fábio Guolo

DRACO SAGA: O Despertar
Autor: Fábio Guolo
Editora: Selo Brasileiro
ISBN: 978-85-9107-890-5
Ano: 2010
Número de páginas: 254
Edição: 
Palavras-chave: Literatura Brasileira, Século XXI
Skoob

Sinopse: 
Imagine entrar em coma, acordar alguns anos depois e descobrir que sua sociedade e sua cultura estão sendo destruídas por uma praga que se propaga mais rápido do que é possível conter. A praga, porém, somos nós. Humanos, mortais, gananciosos, sedentos por poder e riqueza em um mundo novo. Mundo este já anteriormente dominado por seres de inteligência muito superior que nos permitiram viver em paz em seus domínios por muito tempo. No entanto, não valorizamos a liberdade que nos fora dada. Agora o preço a pagar pode ser alto demais! Compre ou saiba mais em: http://dracosaga.blogspot.com

Espaço
        Toda a área que abrange os dragões, em especial a casa de Dryfr e os reinos de Nova Roma, Nova Esparta, Ûnya e Califados Árabes Reunidos.

• Caracterização: É muito descritivo, aos moldes de um vídeo-game, RPG. Não cansa (exceto em raros momentos). Mesmo narrada em 1ª pessoa, a descrição dos espaços é um predominantemente fria, semelhante ao modo como um jogador de Age Of Empires(e jogos semelhantes) veria.


Tempo
         Tempos longínquos, além da memória.


• Caracterização: Há uma certa confusão no começo, já que povos que não foram contemporâneos (por exemplo, Roma em seu esplendor - e com um rei! -  e Esparta como potência militar, além de estes conviverem com religiões como Cristianismo - que é adotado pelo Império Romano perto de sua crise - e o Islamismo - meados do século VII d.C., séculos depois da queda do Império Romano do Ocidente e da tomada de Esparta e da Grécia por Alexandre Magno). Ao longo do livro é possível tentar entender o que aconteceu, mas as conclusões não são muito absolutas ou certeiras - não há como ter certeza disso. A conclusão a que se chegou é a de que os humanos foram trazidos deste planeta (Terra) para o planeta dos Dragões (por isso os nomes Nova Roma, Nova Esparta e afins) o que possibilitaria a co-existência dos povos acima mencionados (trazidos de épocas diferentes para o mesmo local).


Personagens
        À exceção de Dryfr, as personagens não apresentam uma grande profundidade psicológica, já que quem narra o livro é o próprio Dragão Dourado e, como tal, tem uma visão subjetiva e própria do mundo. O modo como Dryfr se porta é digno de um grande guerreiro e do sábio que se tornou; além disto, há a sua personalidade nada convencional - o que ele considera uma influência dos humanos indesejáveis. Normalmente é polido e inteligente, mas pode se tornar bem imprevisível. É difícil imaginá-lo como um Dragão, já que a sua narração dialoga com o leitor (assemelha-se muito a uma conversa, um relato) e a descrição de suas ações como tal é fundamental (alusões às escamas, ao voo são essenciais para que a imagem humana de Dryfr não sobreponha a desejada, o dragão dourado).

Coerência entre espaço, tempo e personagens
        A coerência é razoável, não é o ponto chave do livro. Não é algo que influencie a leitura, mas é nítida a independência de uns frente aos outros.


Enredo
        Segue uma linha de raciocínio subjetiva, próxima a um relato. O enredo tem como finalidade, sob a temática dos dragões, levar o leitor a refletir sobre os estragos que a espécie humana tem feito, suas incoerências, egoísmos e afins. Traz a visão de Rousseau:

A sociedade perverteu o homem natural que vivia harmoniosamente com a natureza, livre de egoísmo, cobiça, possessividade e ciúme. Para Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, ou seja, o homem através da história torna-se mau , com o objetivo de lesar o outro. (Fonte: Unicamp)

       Além disto, o livro também traz como proposta (embora secundária) a função da religião, dos governantes e a necessidade desenfreada que o sexo tem, em contrapartida aos seres ditos superiores, os dracos, que tem sociedade definida, lealdade e um relacionamento harmonioso com a natureza, mesmo que isto os leve à arrogância.
      A evolução de uma espécie com sua extinção (de certa forma, um pensamento derivado da Teoria Darwinista), embora tratada de forma superficial neste livro (há o gancho para as próximas edições), também é uma das propostas.
      Por baixo de uma trama semelhante a um RPG, a um video-game, com traços predominantes de literaturas épicas como O Senhor dos Anéis e a novidade das personagens principais serem os dragões, O Despertar pretende uma visão mais filosófica e reflexiva de nosso mundo, sociedade e costumes.
     Em contrapartida, há alguns acontecimentos bem óbvios (principalmente nos capítulos finais), o que pode diminuir a empolgação do leitor,

Capa e Sinopse
        A capa é muito bem feita e pertinente ao enredo: o Dragão Dourado ao centro e os "enfeites" delicados em volta, tal como a tradição de imagens de um povo tão antigo quanto o universo (ou multiverso, como Dryfr e os demais dragões o denominam).
       A sinopse confirma a proposta do livro como reflexão das condições humanas em meio ao aparente entretenimento.


Estrutura física
      É um material agradável ao toque e que permite a lombada ser aberta com folga. Por ser mais fina, a capa tem uma tendência maior a amassar ou marcar, mas nada que a cautela não evite.
      As letras são boas e os capítulos bem divididos de acordo com temática, evitando assim muitas interrupções ou alternâncias bruscas entre picos de tensão e calmaria.
     Quanto às regras gramaticais, há alguns erros consideráveis de pontuação e uma ortografia praticamente perfeita.


Gostou da obra?
       Gostei muito mesmo. Em muitos momentos eu me imaginei jogando Age of Empires (meu jogo favorito) e vendo tudo aquilo acontecer. Até mesmo simulei a batalha entre Ûnya e Nova Roma (em proporções menores)... Percebi influências positivas de livros como O Senhor dos Anéis e uma vasta pesquisa histórica. A esposa de Dryfr, Wyryn, me lembrou demais a Saphira de Eragon com suas viagens astrais... E a proposta do livro me agradou igualmente. Apenas algumas descrições foram um tanto exageradas, como na passagem em que Ûnya coloca as pontes móveis para passar ao lado de Nova Roma na cidade de Quatro Pontas, o que me cansou bastante; os acontecimentos finais não me surpreenderam muito também, mas nada que diminuísse consideravelmente a minha vontade de ler até o último ponto final.


Avaliação
- Enredo: 9,5
- Capa: 10
- Caracterização das personagens e entrosamento entre as mesmas: 9
- Caracterização do tempo e espaço e coerência entre os mesmos: 8
- Aspectos gramaticais: 9
- Estrutura física: 9,5
- Sinopse: 9


Nota: 9,1






Recomendações
A adolescentes e adultos que queiram uma aventura épica, reflexão sobre o mundo ou, o que é melhor ainda, ambos juntos. Não recomendado para crianças por passagens de cunho sexual.

O Autor
Fabio Guolo nasceu em 1979 em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre/RS e mora há mais de 10 anos em Curitiba/PR. Estudou Física na Universidade Estadual de Londrina e Sistemas de Informação na Faculdade Santa Cruz de Curitiba. Atualmente trabalha como Analista de Sistemas VoIP em uma multinacional americana. É mestre de RPGs de mesa há mais de 15 anos. Draco Saga, sua obra de estreia, foi inspirada pelas muitas histórias criadas e contadas a seus amigos ao longo dos anos de RPG.


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9 comentários:

  1. Eu queroo ler esse livro, apaixonei pela sinopse dele por ser baseado em jogos de RPG! Estou muito curiosa também por ser uma obra nacional...

    Já está na minha lista *o*

    Abraços,
    http://leitorasanonimas.com

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  2. Aaaim Aninha!

    Saltei a resenha pq eu ainda estou para receber o livro pelo BT!

    Beijokas! :*

    Raphaela
    Equalize da Leitura
    @EqualizeLeitura

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  3. Ana!
    Não sei se já comentei, mas acho bem interessante como faz a análise dos livros em suas resenhas, minuciosa e não deixa nada dde fora.

    Quanto ao livro... estou bem interessada em lê-lo, inclusive participo das promoções, quem sabe ganharei? De qualquer forma... já está na lista dos desejados.
    cheirinhos
    rudy

    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/

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  4. Eu também gosto muito de Age of Empires, que saudades, nunca mais joguei.... Nunca li livros com tematica de dragões e fiquei em dúvida se leria esse livro. A capa é bem bonita mesmo, com esse dragão, todo dourado.

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  5. Olá!
    Amei seu blog *.* estou seguindo! bjs

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  6. Só tenho uma palavra para descrever tua resenha: MAGISTRAL!

    É tudo que um autor espera e NÃO PELA NOTA (faço questão de frisar), mas pela análise bem feita e exemplarmente exposta.

    Parabéns e um grande abraço!

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  7. Amo suas resenhas, elas são perfeitas.
    E o livro me interessou bastante, já entrou na minha lista...

    Até mais,
    http://resenhandovidas.blogspot.com

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  8. Estou impressionda com a profundidade e olhar crítico do autor. É cativante o fato de ser uma história a cerca da sociedade e de suas próprias idéias corrompidas por nós mesmos faz o livro parecer interessante e filosófico, sem deixar de lado aquele gostinho de um bom RPG.
    Aprecio e espero poder ler algum dia.

    xoxo

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  9. Eu já ouvi falar dessa saga deve ser muito boa, quem sabe um dia eu compre, por que agora gastei muito com outros livros, ams colocarei na minha lista, obrigada pela dica.
    Bjss *-*
    http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com/

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