RESENHA: Ficção de Polpa: Crime!

Ficção de Polpa: Crime!
Autores: Carlos Orsi, Yves Robert, Octávio Aragão, Rafael Bán Jacobsen, Carol Bensimon, Carlos André Moreira e Ernest Bramah
Editora: Não Editora
ISBN: 978-85-6124-918-2
Ano: 2011
Edição:
Capa e Projeto Gráfico: Samir Machado de Machado
Ilustrações: Jader Corrêa (arte-capa), Mathias Strebb (cor-capa), Bernardo Assis Brasil, Diego Moreira, Elvis Moura, Fernando Gil, Mauricio N. Santo, Octávio Aragão e Rodjer Goulart
Supervisão Artística das Ilustrações: Daniel HDR
Revisão Gramatical: Rodrigo Rosp
Skoob

Sinopse: Um assassinato. Um roubo. Uma suspeita levantada. Onde há um crime, há alguem tentando resolvê-lo - e outro desejando que nada seja descoberto. Em páginas intensas de emoção, suspense e aventura, Ficção de Polpa resgata o prazer das histórias de crime e mistério.

Espaço
• Caracterização:


"As Muralhas Verdes": como o espaço é de muita importância para a ação, sua descrição tem maior foco durante a história. A descrição feita pelo autor é de fácil assimilação.
"A Conspiração dos Relógios": há "objetos" que são determinantes na história; é uma descrição mais específica de cada ambiente em sua relação com a história. A visualização de todo o espaço não é completa, por conseguinte; o que, todavia, não altera o rendimento do enredo.
" A Aventura do Americano Audaz": por se tratar de um "caso" de Holmes e ser detalhado por Watson, a visualização do espaço, por mais que se pretenda o contrário, é pessoal (como muitas vezes ocorre nos livros de Doyle). Uma descrição detalhada dos ambientes com o enfoque subjetivo de Watson.
"A Carne é Fraca": A caracterização deste espaço é um tanto confusa no começo por se tratar de um relato; assim, as personagens que narram este enredo não seguem uma linearidade (o que é plausível). Após algumas páginas e a troca dos narradores, é possível se familiarizar melhor com os locais.
"Agulha de Calcário": um dos espaços de mais difícil visualização. Além de várias pessoas narrando o contexto (como no conto anterior), há ainda os locais em que as cenas se passam, que são mais abrangentes. Assim, é possível que o leitor se confunda em algumas cenas (principalmente perto das Falásias), mas nada que altere o aproveitamento desta leitura.
"Um Dos Nossos": a caracterização deste espaço é a mais impessoal e direta de todas. Por se passar no Brasil, também é a de melhor visualização (pelo conhecimento do público da situação nacional).
"A Moeda de Dionísio": O espaço desta narrativa é descrito de um modo mais casual, de modo a ambientar melhor o leitor em toda sua extensão; não é desleixado, todavia: esta forma de caracterização tem sua razão de o ser.

Tempo
• Caracterização:

"As Muralhas Verdes": Por se tratar de um enredo mais com mais "ação" em sua construção, o tempo é linha fundamental desta narrativa, muito embora não seja absoluto.
"A Conspiração dos Relógios": Infere-se, pelo título, que o tempo tem fundamental participação neste enredo. Há a definição numérica, mas esta é apenas uma das formas menos utilizadas de tempo neste enredo.
" A Aventura do Americano Audaz": Por se tratar de um relato de Watson, o tempo aqui só tem a importância na constituição de uma linha narrativa constante; sua participação não é muito efetiva.
"A Carne é Fraca": O tempo neste conto é relativo a cada uma das personagens que o narra. Algumas o definem com números; outras se utilizam de referências externas para determiná-lo.
"Agulha de Calcário": Embora seja narrado por mais de uma personagem, o tempo, neste conto, é fixo: o que se alteram são as paisagens, mas não a ordem dos acontecimentos.
"Um Dos Nossos": O tempo é utilizado de forma cronológica neste enredo, sem grandes participações.
"A Moeda de Dionísio": O tempo é definido aqui, embora não participe de forma efetiva do enredo (está indiretamente relacionado ao espaço).


Personagens
"As Muralhas Verdes": As personalidades de cada uma são descobertas ao longo do enredo (até mesmo  a do detetive). As personagens da "Muralha" são fator decisivo para que houvesse o crime.
"A Conspiração dos Relógios": A perturbação que os objetos produzem nas personagens são muito bem descritas e elaboradas.
" A Aventura do Americano Audaz": Holmes, através de Watson, é quem demonstra as personalidades de cada um e sua relação com o caso em questão. É preciso uma leitura atenta para que se entenda e decifre o motivo para o "crime".
"A Carne é Fraca": A melhor construção das personalidades dos contos aqui citados. A narração feita por três pessoas diferentes, cada uma com seus interesses e visões pessoais, não possibilita ao leitor que as entenda com clareza a princípio.
"Agulha de Calcário": A personalidade das personagens, aqui, é mais utilizada para identificar os narradores e suas percepções de mundo... Não tem uma participação efetiva no enredo.
"Um Dos Nossos": As personalidades aqui são bem marcantes, construídas e definidas desde o começo. Assim, ao desenrolar dos fatos e da investigação, o leitor, através das personalidades conhecidas, consegue acompanhar a linha de raciocínio e elaborar teses próprias.
"A Moeda de Dionísio": As personagens são um pouco mais intimistas neste romance, embora ainda haja um traço de objetividade e imparcialidade nas ações e descrições das mesmas.


Coerência entre espaço, tempo e personagens
Em todos os contos, a coerência é presente; o que se altera é a participação de cada um dos elementos (espaço, tempo e personagens) nos enredos de acordo com os focos narrativos.


Enredo
"As Muralhas Verdes": Narrado em primeira pessoa, não deixa transparecer as deduções do investigador; traz ao leitor a possibilidade de pensar por si próprio nas motivações e na possível arma do assassinato "sem provas".
"A Conspiração dos Relógios": Narrado em primeira pessoa, tem um enredo um pouco mais subjetivo que o primeiro, além de uma linha mais fantasiosa na investigação.
" A Aventura do Americano Audaz": É um enredo muito próximo das narrativas de Watson, escritas por Arthur Conan Doyle. Diferem-se, apenas, nos termos utilizados (há uma notável alteração no linguajar da época, embora isto não altere o enredo de forma significativa). É narrado em primeira pessoa.
"A Carne é Fraca": Possui três narradores, todos eles em primeira pessoa. Não permite ao leitor ter uma visão clara dos mocinhos e dos vilões deste conto, induzindo-o a tirar suas próprias conclusões (e se surpreender no final).
"Agulha de Calcário": É uma história interessante, embora não tão focado no crime em si. Possui três narradores oniscientes, mas a dedução do crime independe destes.
"Um Dos Nossos": Um enredo intrigante. Não é possível, em um primeiro momento, determinar as causas do crime; assim, o leitor tem de se apegar às deduções dos investigadores e começar a montar as suas próprias; parecido com "A Carne é Fraca", mas tem uma linha de narrativa impessoal (narrado em 3ª pessoa).
"A Moeda de Dionísio": Um enredo bem clássico e interessante: um suspense velado que ronda o leitor...


Capa
A capa é simplesmente incrível. Com boa ilustração, remete a um estilo de composição mais antigo e comum aos nossos antepassados, algo "popular", mas não menos belo. A contra-capa também é de tirar o fôlego: com uma estruturação que remete a um disco de músicas, aos anos de glória dos LPs.

Sinopse
Cumpre com perfeição o seu papel, já que este livro não tem apenas um enredo; os contos não podem ser resumidos a uma linha somente. Cada um merece uma descrição de si (como se verifica na contra-capa).

Estrutura física
O tamanho é propício ao tamanho das narrativas, permitindo a leitura dos contos em qualquer local. As ilustrações são muito bonitas e condizentes com os enredos, e os cartazes por entre as histórias remetem aos "tempos de glória" supracitados. O único que pode se tornar um problema é o conto "A Conspiração dos Relógios", que tem a marca mais tradicional do linguajar português e que pode confundir o leitor desavisado nestas construções típicas do falante da região.

Gostou da obra?
ADOREI! Logo de cara, me apaixonei pela capa e pela contra-capa. São realmente incríveis e muito mais bonitas de perto! A arte de capa até simulou a ação do tempo sobre o material.
As histórias são muito boas! As que mais gostei foram "As Muralhas Verdes" e "A Carne é Fraca". São contos eletrizantes e bem interessantes! "A Carne é Fraca" me deixou encucada por mais de uma semana...
Percebe-se que é uma obra organizada com a proposta da qualidade ao invés da vendabilidade.

Avaliação
- Enredo: 10
- Capa: 10
- Caracterização das personagens e entrosamento entre as mesmas: 10
- Caracterização do tempo e espaço e coerência entre os mesmos: 9
- Aspectos gramaticais: 10
- Sinopse: 9
- Estrutura física: 10

Nota: 9,7


Recomendações
A todos! São contos que, com certeza, valem o investimento (R$25 no site da Editora), pois primam pela qualidade técnica e editorial (é só notar quantas pessoas de competência foram envolvidas no projeto).





Muito obrigada à Não Editora pela parceria e envio deste excelente livro!

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5 comentários:

  1. Nunca li nenhum mistério de Holmes..eu sou fã de mistérios.espero poder ler um dia. No enredo vc disse que as vezes não da pra transparecer as deduções do investigador, isso é bom tabm pq assim tem mais surpresa no fim, mas tbm é legal saber se vc ta pensando da mesma forma do narrador..

    Parece bem legal..Como disse, espero poder lê-lo um dia!

    Beijos ^^
    Ensaios de uma Leitura

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  2. Boa resenha!
    Pena que não sou muito fã de contos.
    Bjs, gabi

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  3. O único livro de contos que li foi Amor Vampiro e foi uma experiência meio chatinha. Vou dar um tempo em livros de contos por enquanto.
    Bjos, Carol.

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  4. Ainda não li nenhum livro de contos apesar de ter muita vontade e nem ilustrados. Gosto muito de livros de misterio, crimes. É muito dificil eu comprar um livro direto no site da editora. A capa e bem bonita mesmo,

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