RESENHA: Sangue dos Deuses - Michel Duarte
Autor: Michel Duarte
Editora: Cata-vento
Ano da edição: 2014
Páginas: 263
ISBN: 9788566725452
Tipo: literatura brasileira, romance, século XXI, épico,
Sinopse: Ordem e Caos: desde o início do universo esses opostos sempre estiveram em permanente conflito. Agora a batalha final entre essas duas forças parece estar cada vez mais próxima, pois Loki, o deus trapaceiro, escapou de seu cativeiro e utilizará de toda a sua astúcia para vingar-se dos deuses que o aprisionaram, iniciando a batalha final entre os opostos definitivos.
Do outro lado do mundo, Katherine, uma jovem adolescente, descobre que quase toda a sua família foi massacrada. Temerosa e seguindo o último conselho de sua querida avó, a garota foge para a casa dos tios, onde lhe é revelada uma verdade surpreendente: todos os antigos mitos nórdicos são reais, sendo ela mesma uma descendente da Valquíria Brunhild e do herói Siegfried, e mais importante – essa herança meio divina e meio mortal a torna a única que pode contrariar o destino, impedindo Loki de iniciar o Ragnarök.
Jurando vingança, Katherine precisa aprender a controlar seus poderes antes que Loki reúna as três runas necessárias para dar início ao Ragnarök, ou ela não apenas falhará em sua busca por vingança, mas também verá o próprio universo sucumbir em fogo e gelo.
“Adentrando no nível mais alto de Yggdrasil, a árvore dos mundos, ultrapassando Bifrost, a ponte arco-íris, guarnecida pelo implacável Heimdall, chega-se a Asgard, um mundo formado por enormes montanhas prateadas, rios límpidos e belíssimos campos de grama avermelhada. Foi nesse local abençoado em que os deuses Aesir ergueram seus palácios de ouro e prata, de onde reinaram, vigiaram e protegeram todos os nove mundos por incontáveis eons, construindo uma sociedade exemplar, forjada pela alegria, prosperidade e fraternidade. Mas agora Asgard tornou-se uma terra desolada pelo luto, que tal como uma doença, contagia homem, animal e planta, fazendo com que a grama vermelha se tornasse amarelada, seus, outrora alegres e felizes, moradores se entregassem a tristeza nunca antes sentida, por mortal ou imortal. Mesmo suas montanhas prateadas parecem empalidecer a cada minuto que se passa. Pois Baldur, o bom, amado por todos, criaturas vivas, ou não, está morto.” (página 1)
Este começo lembra muito as grandes lendas da literatura universal, em especial por seu tom grandioso e, também, melancólico, pessimista.
Conta a história de como Loki tenta se vingar de Asgard devido a uma punição a que foi submetido no passado e como isto afeta Katherine, uma garota que passa de simples estudante para se tornar uma grande guerreira.
É um enredo contado em sua ordem cronológica (com os devidos intervalos de tempo e especificações das datas de cada evento). Mostrado, em grande parte, na visão de Katherine, mas o narrador é onisciente (terceira pessoa do singular).
Apesar de possuir um contexto mitológico bastante aprofundado, é notável sua fluidez. A leitura só é comprometida por alguns erros de colocação de vírgulas, que entrecortam as orações e causam o atravancamento da leitura.
É um romance crível (apesar de seu aspecto ficcional), mas alguns eventos deixam-no muito fantasioso. Refiro-me, principalmente, à dificuldade das batalhas e a com que esforço os mocinhos são derrotados ou não. Em algumas partes, as vitórias acontecem de forma rápida e até mesmo inexplicável; em outras, as derrotas são um tanto injustas, tendo em vista o nível que as personagens apresentam em técnica e magia.
Um ponto muito positivo a destacar é a pesquisa de mitologia nórdica que este romance possui. Não sou entendida do assunto, mas uma rápida busca me permitiu avaliar que os aspectos apresentados não foram acumulados e trabalhados com pouca dedicação. Isto reflete o interesse do autor pelo tema utilizado, fazendo com que este seja transmitido ao leitor e o cative da mesma maneira.
O que achei das personagens?
Todas as personagens possuem profundidade compatível com a perspectiva que lhes é dada, bem como sua participação no romance. Destaque para Katherine e Loki, os opostos e inimigos, além de Erick, cujos papel e importância cresceram surpreendentemente ao longo do enredo. Altamir poderia ser melhor explorado, pois é um elfo um pouco diferente do convencional (possui mais características consideradas humanas, mas não perde a essência élfica).
Outro ponto a avaliar é a consistência da linguagem das personagens com o status social e características de seu povo. Por exemplo, a linguagem dos deuses Vili e Vé é bem mais informal do que esperado, mas é "aceitável", já que estão no mundo dos humanos há muito; já a linguagem dos pais de Altamir também é mais informal, mas neste caso isto parece uma inconsistência, pois status e linguagem não combinam entre si (e a história perde veracidade).
Construção
Um dos problemas no enredo é a colocação imprópria das vírgulas, que, como explicado anteriormente, chega a travar a leitura, Alguns erros ortográficos foram notados, mas não é possível dizer se são próprios ou somente erros de digitação. De qualquer forma, denota falha da revisão literária.
A edição
Li o original em sua versão digital; portanto, os aspectos materiais não serão avaliados.
A diagramação é boa, há tabulação nos parágrafos e nas falas. A fonte é de fácil leitura, com um tamanho adaptável aos olhos e que não torna a leitura cansativa. As páginas são brancas; em um livro físico, isto causa desconforto; no caso de um e-book, a luz pode ser regulada e o formato é ideal para leitores que usam dispositivos magnéticos.
Considerações finais
Sangue dos Deuses é um livro emocionante. Apesar de todos os problemas apresentados, não consegui deixar de ler e o final me deixou frustrada - não por ser ruim, de maneira alguma! Mas deixa um gancho muito bom para o próximo volume - pelo qual mal posso esperar.
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